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Sonhos de uma mãe que exercita as cores de dentro


Nayá Fernandes

Publicado na edição 3003 do jornal O SÃO PAULO, em 20 a 26 de maio de 2014


Ela se chama Izabel Monteverde e foi mãe aos 15 anos. Carioca da gema, a especialista em neurolinguística divide seus projetos com a filha Mariana Monteverde, 18, que sonha em fundar um hospital lúdico, onde as pessoas vivam uma relação diferente com a saúde e a doença. Filha de Mariza Monteverde, a fundadora do Projeto “Engenharia do Ser” teve uma infância difícil desde os três anos, quando a mãe se separou do pai para morar em uma casa abandonada, com mais três irmãos. “Minha mãe teve mais de um casamento e, a certo momento, sentiu-se culpada por não ter acompanhado a educação dos filhos. Eles se envolveram com drogas e foram morar numa casa abandonada.


Naquele momento, ela achou que a melhor coisa a fazer era juntar todos os filhos e tentar salvá-los da situação”, contou Izabel. A irmã mais velha de Izabel ficou noiva e, após o casamento, saiu da casa. Desde então, ela se sentiu muito sozinha e cresceu revoltada com a mãe “por ter que viver naquela situação de fome, de ratos dormindo com a gente. Aos 15 anos também eu me casei e saí de casa. O pai do meu marido foi um pai também para mim. Ele me incentivou a estudar e, com a chegada da Mariana vivi uma experiência que foi um divisor de águas. Com ela, aprendi a ser mãe, mulher, amiga, com ela voltei a sonhar”, disse Izabel.


Mãe e filha participam juntas de um projeto social na comunidade do Cantagalo. Um projeto individual que semanalmente ajuda as pessoas a descobrirem quais são as suas “cores de dentro”. Uma das grandes alegrias de Izabel é perceber que, mesmo tendo com uma infância e juventude conturbadas, ela conseguiu ser diferente com a filha.


“Meu dia a dia é um pouco diferente do de um adolescente comum, pois minha mãe me criou com a estrutura de que eu preciso olhar mais para o mundo. Sou envolvida em vários projetos sociais com ela. O meu desejo de mudar o mundo vem da minha formação”, falou Mariana em um vídeo no qual ela explica o que é o “Cérebro do Bem”.


“Talvez um dia você consiga entender o porquê dessa obsessão tão grande por esse sonho. Sempre quis te ensinar a importância de fazermos algo significativo por esse mundo aqui... Desculpe-me por essa jornada muitas vezes exigir da gente mais do que suportamos. Grandes feitos exigem nossa superação máxima, obrigada por estar ao meu lado me apoiando nesses anos todos! Sei que vamos conseguir

filha”, expressou a mãe no Facebook de Mariana.


Izabel e a ‘Engenharia do Ser’


“Quando criança, um dos meus irmãos, que faleceu antes mesmo que eu saísse daquela casa, me disse: ‘Por que você existe? A mamãe devia ter abortado você!’. Eu fiquei muitos dias em choque, pensando naquilo. Mas, de repente, me lembrei de uma frase que a mamãe sempre dizia: ‘Belzinha, eles fazem isso, porque eles têm um grande vazio sem cor dentro deles’. Então, eu comecei a pensar que, se eu descobrisse quais eram as minhas cores de dentro, eu poderia existir. Então, uma noite, meu outro irmão, que era cego e sempre me contava histórias de noite, disse que ia me ensinar a olhar para dentro. No dia seguinte, ele me vedou e, a partir dali, nós começamos uma grande aventura em busca das cores de dentro.” E foi o irmão de Izabel quem perguntou o que ela sonhava. “Naquele momento, eu descobri que queria crescer e abrir uma escola para colorir pessoas.


Então, eu persegui este sonho ehoje ajudo as pessoas a encontrar suas cores de dentro, que são as nossas emoções. Elas, bem trabalhadas, podem nos ajudar a ser melhores, a ser seres humanos que não se preocupam só consigo mesmos.” (NF)

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